segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A minha invenção

Parecem seres de outro mundo, um mundo do qual eu não faço parte e desconheço. Não entendia o porque de eu não estar ali junto deles, tão normais, tão politicamente corretos, mas ao mesmo tempo não pareciam plenos e completos. Eu não entendia direito, mas me fazia bem acompanhar cada movimento feito por eles, cada ilusão que a mente insana de cada um acreditava, demasiada intensidade nas escolhas, demasiada ambição.
Em um momento daqueles eu não podia fazer mais nada a não ser inventar a minha felicidade, colocar intensidade em qualquer escolha que fosse, e decidir que alguém me admirasse como eu os admirava. Inventar se tornou uma das melhores coisas que eu tinha decidido nos ultimos tempos. Eu sentia o sol aquecer, mas não aquecia só a mim, eu sentia o vento soprar, mas não movia só os meus fios de cabelo, eu sentia a socidade recriminando, mas não recriminavam só a mim. Eu me recriminava por nada ser do modo que eu esperava, mesmo eu sabendo ser coisas impossíveis. E então quando eu decidamente olhei pro lado ali estava ele, parecia ter lido a duvida no meu olhar, e então segurou na minha mão e sussurrou que era verdade, que ele estava ali, e finalizou apertando-a com afeto e dizendo: eu sempre estive.
Temos que ter consciencia de que algumas coisas só passam a existir quando damos a devida atenção a ela. Mas no que eu deveria acreditar? Ali estava ele, e como eu saberia que não era como aquelas pessoas que eu admirava – mas não entendia – normais, corretos, mas não plenos e completos? Entao eu disse-lhe que o que me doíam eram essas duvidas, esses parenteses sem feixo, esses três pontinhos seguidos, essa faltade certeza. E eu compreendi o olhar dele que questionava: “Como eu posso ti provar que tudo é de verdade? Basta eu acreditar nessa minha certeza?”
Eu não sabia, eu não queria. Eu não sabia responder, porque eu não queria acreditar. Naquela tarde de setembro eu me senti normal, plena, com demasiada ambição por querer só aquele amor, com demasiada intensidade a cada minuto que se estendia em puro amor. Como pode? Eu me sentia inteiramente bem, sem preocupações, sem medos, sem mágoas...Simplismente indo adiante. Com o pôr do sol, se pôs o sonho, e eu acordei do sonho que eu inventei. Mesmo aquele pequeno grande amor ter sumido, eu percebi como tinha virado hábito fazer invenções, acreditar nelas, e ainda mais, viver nelas. E então eu vi que eu já fazia parte daquele mundo que eu via de longe, com a mente insana para acreditar nas ilusões, com a ambição do grande amor, com toda a intensidadeque fosse capaz de sentir e compartilhar. E mesmo que outra tarde se passe, mesmo que outras tardes de setembro venham, mesmo que outros amores segurem pela mão prometendo segurança, toda tarde será aquela tarde de setembro, todo amor terá que me tirar da realidade como aquele, todo o mundo terá que ser pleno e completo, enquanto eu fico aqui o dia inteiro por nada, e talvez por tudo. Feliz, mas talvez desesperançosa. Normal, mas talvez não completa.

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